quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A crise


eu não a vejo
mas ela me vê
te vê
se vê
da tv

O fim do ano



há amigos secretos, há presentes, há viagens
há panetone, há trânsito, há peru
há promoções, há saudades, há planos
há luzes, há cores, há distâncias
há sorrisos, há compras, há estômagos
há agendas, há enfeites, há tempo
há férias, há o roberto carlos na tv,
há felicidades
há músicas, há árvores, há a crise
há todo o céu, toda a terra, todas as pessoas,
o mundo inteiro
laiá laiá laiá
tralalalalá lalá lalá
haja, não haja
aja, não aja
como ficamos melancólicos no final do ano!

Tô gostando da brincadeira...


... tá ficando séria, tipo coisa de gente grande. Tá fazendo planos, querendo ir para outros lugares, viajar, conquistar o mundo. Achei que só era prá brincar, mas parece que a coisa toda não está para brincadeiras...

Alguém me perguntou como vai o teatro. Vai... e não volta pro mesmo lugar.

Em março estréio outra peça. Outro grupo, outro conceito, outros planos. Nada pronto, tudo em processo, todo o processo, criação coletiva, tudo inventado, do texto ao contexto. Do jeito que eu gosto, de ver e fazer. Dessa vez, o teatro é grande, e o bicho vai pegar.

E não pretende soltar.




segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Amigo Secreto


Época de amigos secretos.
A idéia era um presente feito à mão.


- Mas eu não
tenho tempo pra fazer o presente... estudo, trabalho. Como eu faço presente sem tempo???
- Dê a sua respiração.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Entrefins


Foto by Mário Pedroni

Foi ela quem começou:
- Vou partir, o tempo acabou.

A partida. Eis o começo do fim de tudo, o meio do caminho abreviado. Se o tempo não existia, tudo coexistia, no zero espaço-tempo?

Li a história toda no quando em que: os olhares se tocaram. Começo, meio e fim, exatos, sem que ninguém, nada. Cheiro de distância na sala, verdade dissolvida, pura e transbordante.

Ela tinha os pés tão plenos de chão, que era como se um fio a puxasse ao centro da terra. Mesmo parada, eram passos esticados até enfim, aqueles: sóbrios, concretos. Sem sombra de ser. Ela, insubstituível e inderrubável em sua ebulição. Ombros largos, quadris estabelecidos, joelhos a postos.

Nossa relação, por entre-nós. Bastava entre-sermos, entrermos. Porém, nos desertamos, desertificamos em qual memória. O que um dia inteiro, hoje, o necessário: máscaras, semi-abraços, pseudo-sorrisos, neblina. O tempo realmente acabara, para tchau.

Eu, rasa, olhos nos olhos, latejante. Abreviação: levitação. Eu não estava mais lá, flutuava em minha própria. Meus passos, perspectivos, moídos. Fiquei, interrompida.

Haver, a ver.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Locus poeticus


há poesia no vazio
na respiração
no silêncio
no não dizer
no espaço depois
no abraço a dois
sem som
sei, sou?
no perder-se de mim
num lugar sem fim
enfim
sós