sexta-feira, 26 de junho de 2009

Crianças



"As crianças sabem tudo. Essa é uma estranha verdade. Nós, pretensiosos adultos, achamos que o saber deve ser dividido em pedaços. A criança não. Elas têm o sentimento em estado bruto, a instituição, que é anterior ao saber, mas superior a ele. As crianças têm a beleza indispensável."

(Flavio Di Giorgi)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Quarta-feira


um filme na tv
exatamente aquele que eu precisava
e um prato de batatas fritas
mais nada

enfim, uma noite livre


"- Tu cherches quoi?
- Une bonne place à l'orchestre, ni trop prêt, ni trop loin.
- Et à côté, il y a un siège de libre?”

(do filme Fauteils d'Orchestre, de Danièle Thompson)

Receita


um copo de água
duas colheres de mim
um punhado de ti
e me dissolvo facilmente
depois, é só levar ao forno
deixar dourar
não precisa de fôrma

Uma crise


Às vezes me pergunto porque não trabalho das 9 às 18, em um lugar só, os documentos assinados, a vida estabelecida, o mundo estabilizado.

Seria tudo tão mais fácil...

Eu, Romeu e a conta cheia.

Eu tenho um plano, que não tem nada a ver com ir, olhar, copiar, esperar. É um fazer-ir, indo-feito, não parar. Arrepiar os poros e expandir-me em cacos para além das esquinas. Saltar ex-quinas.

Despregar-me, rastejar, rasgar, sugar, tocar, desabituar-me, desabotoar, anteceder. Não quero esperar o envidraçar do infinito.

Quero condensar, triturar, estilhaçar os porquês e pisar em seus despedaços ainda quntes e úmidos. Sem pensar, respirar apenas. E formigar, apertar, engolir, expandir: dentro.

Há uma luz e eu quero sugá-la enqanto ela ainda está acesa.

Existir no próprio enquanto.

É


nosso jeito-lâmina de amar
flutuando esquilamente por entre abraços sacis
intacto desprender-se da órbita
tudo reluz: olhar
não há ar
amaciando intervalos
imagem-reticência