quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Espessuras


Alguém apagou a luz. De tudo, de todos. No escuro, o vento das coisas é mais espesso. Quando a pele do dia, queimada de noite.

Novamente reticências


Ontem senti o vento espesso. Tive saudades de infância. Peneirei fotografias há muito embrulhadas, quase coalhadas. Ouvi vozes de moldura, arrepios. Apaguei reticências. Revisitei.

Novo Manual Prático para o Anonimato





Novo Manual Prático para o Anonimato, dir. Andressa Cabral
no Satyrianas, 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

O que eu quero III



Quero recortar o que vejo em pedacinhos bem pequenos, e depois embaralhá-los para fazer uma colagem.

Um caos tão organizado quanto um quadro dadaísta.

Talvez assim, tudo fique em paz e as coisas sejam mais reais. E eu possa encostar meus dedos entre os fragmentos e perceber que o essencial está no silêncio, inacabado e intangível.

sábado, 7 de novembro de 2009

Haicai

ah! o velho poço!

uma rã salta

som da água

(Bashô)


vagamente me lembrou a morte isso
ou a vida
ou o silêncio
ou tudo
ou o nada
ou só um patinho na água com uma tulipa em cima
a tulipa cai
no som
chuá

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

domingo, 1 de novembro de 2009

quando


hoje é dia de colher reticências

Palco


e aí vem o teatro
e eu me pergunto o que, por que?
para que?
sei que lá, naquele palco, eu me sinto bem
só quando sou eu
ou um eu-alguém de mim que está lá
sem mim não há, não rola
hoje posso dizer que não estou
porque ontem não rolou

Desertificando-se



este é meu irmão
num deserto australiano
qualquer
só falta saber
quem está dentro
quem esta fora
de quem
ele
ou o deserto